Espetáculo leva plateia a mergulhar no encanto das obras de Tarsila do Amaral

29/10/2012 às 00:00 por Viviane Franco

Os olhos atentos da plateia eram por um motivo: ninguém queria perder nenhum momento do espetáculo Vila Tarsila, apresentado no sábado (27), no Teatro Arthur Azevedo. Envolvidos em cada detalhe, o público formado por maioria crianças e jovens, riu e se emocionou com as performances e com o cenário colorido e cheio de movimento formado pelas obras da artista Tarsila do Amaral.

 

Pinturas como O Abaporu, A Negra, Sol Poente, O Lago, A Lua, Manacá, A Cuca, O Sapo, O Ovo ou Urutu e A Floresta ganham vida por meio da dança dos personagens das obras de Tarsila que dialogam com a artista, interpretada por Miriam Druwe, bailarina e coreógrafa da Cia. Druw.

 

O espetáculo de dança infanto-juvenil “Vila Tarsila” mergulha no imaginário de Tarsila e interpreta as criações como obras de uma eterna crianças que brinca com as cores e as formas. O resultado é uma apresentação que transporta o espectador ao mundo antropofágico da artista, como a pequena Maria Eduarda Santos, de 7 anos, que comentou tudo e quando questionada sobre o que achou, resumiu: “Gostei muito”, disse.

 

 

A mãe explica toda a inquietação e elogia o espetáculo. “É a primeira vez que ela vem ao teatro então para ela é tudo novidade. É muito bom eventos como esses que aproximam o público da arte, que muitas das vezes não são valorizadas porque não conhecemos e com isso deixamos de ter acesso a uma apresentação tão bonita como essa que consegue prender atenção de crianças e adultos”, destacou Josilene Sena, atendente.

 

Conforme explicou Miriam Druwe durante o Papo Giratório após a apresentação, os componentes do grupo estudaram com afinco a vida e a obra de Tarsila do Amaral para criar os elementos visuais fundamentais para munir a dança contemporânea da Cia. Druw.

 

Além da referência as obras da pintora, o espetáculo resgatou momentos da vida de Tarsila como a infância na fazenda em Capivari, interior do Estado de São Paulo e as viagens para Europa, onde estudou na Académie Julian em Paris, situações que provavelmente inspiraram muitas de suas telas.

 

Como o público alvo é o infantil, o enredo ressaltou as experiências visuais das brincadeiras que recheavam as tardes na fazenda, cercada por pedras, árvores e cactus, onde provavelmente correu, brincou com bonecas feitas de mato, em contraponto com a educação francesa que recebeu.

 

Nessa linha, o Abaporu, quadro mais famoso da pintora, ganha vida como se fosse um retrato de uma personagem de infância que depois de anos volta para fazer as pazes. E para finalizar a pequena Tarsila o batiza como Movimento Antropofágico, nome em homenagem ao seu esposo Oswald Andrade idealizador desse movimento.

 

“Todo trabalho é resultado de um intercâmbio de ideias entre os bailarinos que contribuíram com cada coreografia. A trilha ficou por conta de Natália Mallo, além de suas próprias criações, foi inspirada na obra de Villa-Lobos”, explicou Miriam Druwe.

 

Na concepção, Quito, Miriam, Marco, Marisa, Natália e os intérpretes Adriana, Tatiana, Bruno, Bruna, Luciana, Rodrigo, Weidy, colaboradores com todo o processo.