Inclusão que ensina

02/04/2014 às 00:00 por Viviane Franco

A inclusão social é um instrumento extremamente importante na determinação da qualidade de vida e do acesso aos recursos da comunidade que favorecerão o desenvolvimento global, reforçarão a autonomia e ajudarão a construir a cidadania da pessoa com deficiência. É esse apoio que pais de crianças com autismo encontram ao matricularem seus filhos na Educação Infantil do Sesc, que conta com profissionais preparados para lidar com a fase inicial da vida estudantil possibilitando que o tratamento tenha melhores resultados.

 

Especialistas afirmam que existe uma pessoa com autismo para cada 10. A característica principal dos autistas é o prejuízo na comunicação, na interação social e presença de comportamentos peculiares, repetitivos sem muito significado, que os indivíduos parecem ficar realizando sem uma finalidade muito clara.

 

Cientes dessas limitações, as professoras da Educação Infantil do Sesc passaram por uma capacitação de acordo com o novos parâmetros educacionais que segue uma proposta inclusiva que acolhe todos os alunos, apresenta meios e recursos adequados e oferece apoio àqueles que encontram barreiras para a aprendizagem.

 

Conforme avalia a coordenadora da Educação Infantil do Sesc, Elenildes Figueiredo, o Sesc contabiliza experiências positivas com crianças autistas com uma proposta pedagógica de inclusão que possibilita o avanço no desenvolvimento social e cognitivo de cada uma. “A escola regular se torna inclusiva quando prepara o aluno para seu espaço pedagógico e para a sociedade”, defende.

 

Na prática, os alunos com autismo participam das mesmas atividades dos demais alunos, contudo respeitando às diferenças e levando em consideração a limitação. “Não há proposta diferenciada no extremo, mas atividades direcionadas com rotina igual a outras crianças”, conta Elenildes.

 

Além do acompanhamento na sala de aula, os pais são envolvidos no processo. “O mais significativo no trabalho da Educação Infantil é a relação que as famílias constroem com a instituição, que os incentiva a encontrar terapias que auxiliem no tratamento”, conta.

 

Esse diferencial que torna a Educação Infantil do Sesc uma referência não só para crianças com autismo, como também com outras necessidades especiais como déficit de atenção, síndrome de down, paralisia cerebral e hiperatividade, pois em todos os casos a escola acolhe o discente e envolve família como parceira.

 

“É por isso que muitos pais ao final do período ficam preocupados quando a escolha da escola adequada para dar continuidade ao aprendizado dos seus filhos, porque imaginam que não vão encontrar o mesmo apoio que receberam aqui no Sesc”, destaca Elenildes.

 

RESISTÊNCIA

 

O Autismo é visto com o uma inadequacidade que se manifesta de maneira grave por toda a vida. Apesar das causas do autismo ainda não serem totalmente compreendidas, sabe-se que esta doença não tem cura, mas que o tratamento pode ajudar a controlar alguns sintomas e tornar a convivência familiar um pouco mais facilitada.

 

De acordo com Elenildes Figueiredo, o apoio dos pais é fundamental para desenvolvimento do aluno. “É complicado para a escola trabalhar sozinha, o desgaste das professoras é maior porque durante o horário de aula a criança desenvolve 30% e a continuidade do tratamento se dá no âmbito familiar”, conta.

 

Edna Lúcia Rodrigues, 30 anos, mãe de Luís Eduardo Rodrigues Lopes de 5 anos venceu a resistência e concorda que essa atitude foi fundamental para que hoje seu filho alcançasse resultados positivos.

 

“Até os 2 anos meu filho não falava então procurei uma fonoaudióloga e ela indicou uma neurologista que e depois me encaminhou para uma psiquiatra. Foi assim que tivemos o diagnóstico de autismo, mas só pode ser considerada com 7 anos. Por indicação eu busquei vaga no Sesc, já que na primeira escola que ele estudou a professora deixava de lado como se ele nunca fosse capaz de aprender. Hoje no Sesc ele já fala, isso me deixa feliz”, relembra.

 

Elenildes esclarece que as professoras do Sesc são orientadas a observarem as particularidades de cada aluno. “Desde o primeiro dia que as crianças demonstram diferenciação no comportamento, a família é chamada para conversar e quando se propõe a participar, a criança se desenvolve melhor, tanto na linguagem oral, concentração, fundamental”, explica.

 

Nesta quarta-feira, 2 de abril, é comemorado Dia Mundial de Conscientização do Autismo, uma data que assim como a Lei nº 12.764/2012 que estabelece que autistas têm os mesmos direitos de pessoas com outras deficiências, o Sesc comemora os resultados positivos tanto na inclusão de crianças com autismo como com outras necessidades especiais que precisam que o espaço escolar também auxilie neste processo.