A comédia da vida real no Palco Giratório

28/10/2013 às 00:00 por Viviane Franco

No palco do Teatro Arthur Azevedo, literatura, música, dramaturgia e o amor se misturaram na comédia “Amor Confesso”, dos atores cariocas Cláudia Ventura e Alexandre Dantas, que são parceiros de profissão e casados na vida real. A peça da Cia Falácia foi apresentada neste sábado, dia 26 de novembro, e faz parte da 16ª edição do projeto nacional do Sesc Palco Giratório.  Presenteando São Luís com quatro diferentes apresentações, nesta terça (29) é a vez do espetáculo “O Fantástico Circo-Teatro de um homem só”, com a Cia. Rústica/RS, às 19 horas, no Teatro João do Vale.

 

Arrancando risos da plateia, “Amor Confesso” retrata as desventuras, encontros e nuances de oito enlaces amorosos descritos em contos de Arthur Azevedo. Com poucos elementos cênicos – cadeiras, vestido de noiva e fraque – sobrou talento e expressividade no palco. Os diálogos criados pelo dramaturgo maranhense em meados do século 19 mostraram-se atuais e populares na multifacetária interpretação de Cláudia Ventura e Alexandre Dantas, ganhando ainda mais humor com a trilha sonora complementar, executada pelo pianista Roberto Bahal, que incluiu canções como “Errei Sim” (Ataulfo Alves) e “Vai vadiar” (Zeca Pagodinho) nas estórias.

 

 

No Pensamento Giratório, momento do projeto onde os atores podem dialogar com público sobre a criação e experiência artística, assim como esclarecer dúvidas e curiosidades dos espectadores sobre a peça, Cláudia e Alexandre revelaram que escolher apenas 8 contos em um universo de 36 maravilhosas opções foi uma tarefa árdua.  Quando questionados sobre a música, que deu mais leveza e dramaticidade à apresentação, explicaram que é um elemento que sempre permeou a obra de Arthur Azevedo, um inveterado apaixonado por óperas, e, por isso, indispensável à composição de “Amor Confesso”.

 

 

A professora Ana Carolina Mesquita parabenizou a Cia Falácia pela merecida homenagem e propagação da obra de Arthur Azevedo. “Os maranhenses infelizmente não recebem uma educação cultural voltada para artistas locais e muitos acabam não tendo acesso à suas obras. Vocês são cariocas e expressam um profundo conhecimento e amor ao trabalho de Arthur Azevedo. Essa deveria ser a realidade de cada maranhense, mas não é o que acontece. Parabéns por difundir o seu legado”, ressaltou.

 

 

A peça “Amor Confesso” estreou em 2011 e desde esse período os atores sonhavam em reverenciar o dramaturgo maranhense no espaço dedicado ao homem que dedicou sua vida à arte. “Arthur Azevedo contribuiu de forma significativa para a dramaturgia não só no Maranhão, mas no Brasil como um todo. O Teatro Municipal no Rio de Janeiro é fruto do seu esforço e infelizmente ele morreu poucos meses antes da sua conclusão. Nos seus contos, vimos muito da comédia da vida real que mais tarde Nelson Rodrigues imortalizou. Para nós foi uma grande emoção apresentarmo-nos no Teatro Arthur Azevedo”, exclamaram.

 

 

Palco Giratório

 

 

Em 1998 o Departamento Nacional do Sesc criou o Projeto Palco Giratório, com o objetivo de difundir e descentralizar a produção de espetáculos de artes cênicas no Brasil.  Ao longo dos anos, o projeto cresceu e se tornou uma das principais ações culturais do país.  A democratização do acesso a espetáculos de  teatro, dança, circo e intervenções urbana é vivenciada por vários grupos e companhias que tem seu trabalhos selecionados para itinerar pelas  capitais e cidades do interior do Brasil, viabilizando a troca de experiências entre grupos de teatro e o público.