Durante dez dias São Luís mergulhou no vasto universo cultural da região amazônica, desnudando as facetas do teatro de rua e tradicional, as misturas rítmicas e folclóricas das danças e músicas regionais, além das ideias e novos contornos das artes plásticas. Na última sexta, dia 23 de agosto, o projeto Sesc Amazônia das Artes encerrou sua rica programação com o talento da maranhense Milla Camões e o experimentalismo musical do trio Monofoliar, do Mato Grosso, no Teatro João do Vale.
Com um trabalho bastante reconhecido pelo público ludovicense, Milla Camões animou a plateia com sucessos de Cateano Veloso, Jorge Bem Jor e outros artistas da música brasileira e também maranhense, como Bruno Batista. Segundo Milla, o show “Louva-a-deus, Centopéia e Sabiá” recebeu essa denominação em referência aos componentes da banda. “Um amigo de Jeff Soares, que toca o violoncelo, certa vez lhe disse que o seu instrumento parecia um grande louva-a-deus. Imergimos nessa metófora e percebemos a semelhança do piano de Wesley Souza com uma centopéia. Eu represento o sabiá, uma comparação que veio em um momento de muita auto-estima”, conta aos risos.
Monofoliar subiu o palco do João do Vale logo em seguida e surpreendeu o público com os arranjos e elementos sonoros originais, uma mistura que dá autenticidade à linguagem musical do grupo. Explorando as nuances vocais da cantora Estela Ceregatti, os timbres atípicos de elementos como a água sendo derramada e canto dos pássaros, além de instrumentos de culturas diversas como o didgeridoo e o derbak, o repertório chamou a atenção pela riqueza de detalhes.
A psicóloga Mônica Silva (25) revelou que inicialmente pretendia apenas conhecer o projeto Sesc Amazônia das Artes, encantou-se com o trabalho apresentado e aproveitou toda a programação. “Em São Luís dificilmente temos eventos dessa natureza, com apresentações de qualidade e diversidade de repertório. Achei muito interessante a agenda artística do projeto como um todo, mas sem dúvida, o show musical o Valor de PI, do Piauí, foi o que mais me conquistou, tocando o baião e ritmos nordestinos. O Sesc está de parabéns pela iniciativa”, afirmou.
Em dez dias de apresentações, realizadas entre os dias 14 e 23 de agosto, quatorze grupos dos estados do Maranhão, Pará, Amazonas, Amapá, Tocantis, Rondônia, Roraima Piauí, Acre e Mato Grosso difundiram o seu trabalho de forma gratuita nos teatros Arthur Azevedo, João do Vale e Alcione Nazareth, Praça Nauro Machado e Galeria de Arte do Sesc.