Em clima de bate-papo, aconteceu na quarta-feira (27), no Espaço Angelus Novus, na Praia Grande, a mesa redonda “O circo na formação do ator”. Com mediação de Keyla Santana, os debatedores Michelle Cabral, Braz Moraes, Pablo Fabrício e Charles Monteiro discutiram a influência do circo e do palhaço na concepção da antropologia teatral e na formação do artista.
Braz, que é pesquisador confessou seu encantamento pela linguagem circense e como essa paixão influenciou a escolha de seu objeto de estudo, o palhaço. Para ele, a renovação da arte e do teatro e os desdobramentos contemporâneos das artes devem-se a absorção por parte do ator das formas de expressão corporal provenientes do circo. Ainda na questão, ele ressalta a função social do riso, que perpassa a alegria e vai até o engajamento e a crítica social.
Michelle Cabral, que é palhaça, deu uma aula sobre a história do circo, traçando cronologicamente a evolução e dificuldades do universo circense até a atualidade. Para ela, o circo mistura todas as linguagens — cinematográfica, da televisão, dança e teatro. Além de despertar no ator uma consciência corporal que lhe permite não só falar com o texto, mas fazer com que seu corpo acompanhe a sinergia entre texto, ator e plateia.
Formado em Educação Artística e com especialização em Artes Cênicas, Pablo Fabrício é um estreante no universo do circo. Há pouco tempo ele encenou o espetáculo “A espera dos palhaços”, que retrata o cotidiano das famílias circenses. Para ele, o palhaço é um ser particular e poético, que ri da desgraça e da deformidade. E a dualidade entre tristeza e alegria constrói a figura ideológica e emocional do palhaço.
Palhaço e pesquisador de acrobacia, Charles Monteiro, que é paraense, destacou o palhaço como um personagem complexo. Para ser palhaço é preciso sentir-se outra pessoa e incorporá-la. Como pesquisador, Charles tem como pilares o circo e a cultura popular, que para ele é uma ciência orgânica, ou seja, não é exata.
A mesa redonda ainda contou com a presença de um palhaço que vive os dois lados da vida artística. Alzenir, que dá vida ao palhaço Roleta, trabalha nas ruas, mas também está ligado a uma companhia teatral. Para ele o importante é não perder a esperança e acreditar que a sua arte pode mudar a sua vida e das pessoas a sua volta. Com a exibição do documentário “Biribinha” a ocasião foi concluída e o público deu a sua resposta pela voz de um dos ouvintes que concluiu: “Desde que o mundo é mundo existe um palhaço”. E é essa máxima que faz o circo sobreviver.