Sesc Maranhão debate questões étnicas em Roda de Conversa “Narrativas de resistência, arte e afetos”

27/11/2020 às 15:54 por Amanda Machado

Depois da África, o Brasil é o segundo território do mundo com maior população negra. Mais de um século após a abolição da escravatura, os afrodescendentes ainda enfrentam uma grande disparidade socioeconômica e exclusão racial. E para a população indígena a situação não é muito diferente. Por esse motivo, o Departamento Nacional do Sesc lançou o projeto Identidade Brasilis, uma iniciativa cultural que visa dar maior visibilidade às discussões sobre a ampliação da representatividade de negros e indígenas no Brasil. No Maranhão a programação acontecerá no dia 5 de dezembro, no Teatro Sesc, com a roda de conversa “Narrativas de resistência, arte e afetos” e apresentação musical da rapper e drag queen Enme Paixão.

O Maranhão é o terceiro estado do país em percentual de pessoas negras, apresentando mais de 600 quilombos em seu território, sendo que cinquenta deles estão localizados em Alcântara, e é também um dos que apresentam o maior número de terras indígenas: sete etnias (Ka’apor, Guajá, Tenetehara, Timbira, Kanela, Krikati e Gamela) vivem em 31 municípios maranhenses.

Colocando em foco as tradições, histórias e conquistas dos afro-brasileiros e indígenas em uma sociedade multicultural e pluriétnica, o Sesc reuniu quatro atuantes pessoas desses movimentos na roda de conversa “Narrativas de resistência, arte e afetos”: a rapper e drag queen Enme Paixão, a ativista nas lutas e resistência dos povos indígenas Rosa Tremembé (Tüny Cwe Wazahi),  a militante do movimento de mulheres negras Lúcia Gato e como mediadora a produtora audiovisual e pesquisadora de cinema Camila Bezerra.

A roda de conversa e apresentação musical de Enme Paixão serão realizados no Teatro Sesc para 118 convidados, no dia 5 de dezembro, a partir das 17h, e transmitidos ao vivo pelo canal da instituição no YouTube (youtube.com/SescMaranhão). A programação integra o projeto nacional Identidades Brasilis que tem por propósito valorizar e fortalecer as culturas indígena e negra por meio de programações artísticas, educativas e culturais do Sesc em todo o país. As ações serão desenvolvidas a partir dos temas Arte e Cultura, Memórias, Histórias e Patrimônios, Modos de vida e Políticas Sociais.

Cada convidada explanará por 15 minutos e ao final das exposições o público terá o mesmo tempo para fazer perguntas. Em seguida, para encerrar em grande estilo o evento, todo o talento da artista Enme Paixão em um show musical composto por músicas autorais com ênfase nas problemáticas raciais, empoderamento maranhense e relações de amor, regado a muita dança e energia. 

Roda de conversa

Enmerson Paixão Gomes, conhecida por Emne Paixão, é uma artista queer maranhense, formada em publicidade que iniciou sua carreira produzindo a Baddest, um projeto que visa o protagonismo de jovens negros LGBTQ, onde produziu o show da Karol Conka, Rico Dalasam e o festival “AFROntamento”. Desde 2014, buscando criar um espaço de discussão social acerca do racismo e do protagonismo negro e disseminação da arte, Enme também é rapper, dj, compositora e dragqueen. Suas produções trazem em sua sonoridade o afrofunk e os ritmos e tambores nordestinos, com uma musicalidade singular. 

Maria Lúcia Gato de Jesus, conhecida pelo nome artístico Lúcia Gato possui uma longa trajetória, é militante do movimento de mulheres negras, atriz, professora, bióloga e integrante do “Grupo de Mulheres Negras Mãe Andresa”. Atualmente é representante da coordenação executiva do Conselho Estadual da Mulher no Maranhão e também faz parte do grupo teatral COTEATRO. Ela também atua como pesquisadora de literatura de autoras negras, compondo ainda o grupo de estudos Feminismos Negros Marielle Franco.

Rosa Tremembé/ Tüny Cwe Wazahi é ativista nas lutas e resistência dos povos indígenas, líder dos povos autodeclarados Tremembé (reconhecidos pela FUNAI- MA), artesã, graduada em Letras pela Universidade Estadual do Maranhão – UEMA, Mestra em Cartografia Social e Política da Amazônia também pela UEMA e integrante da Articulação da Teia dos Povos e Comunidades Tradicionais do Maranhão.

Camila Soares é roteirista, produtora audiovisual pesquisadora de cinema e relações raciais, graduanda em História pela Universidade Federal do Maranhão – UFMA e técnica em Cinema pelo Instituto de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão – IEMA. Em seus trabalhos dá ênfase à atuação de mulheres negras.