Todos respiramos ausências. Falta-nos algo e isso nos marca como uma ferida na pele. Como analogia ao nosso vazio existencial, a leitura da cidade requer um olhar atento às lacunas e “fissuras”. Sob essa reflexão, o artista Dinho Araújo apresenta um olhar crítico e poético sobre a construção da identidade, contrapondo visões antagônicas sobre São Luís no trabalho intitulado “Dos dias em que a ausência é marca”. A mostra estreia no Projeto Amazônia das Artes expondo em Palmas, no Centro de Atividades do Sesc, no período de 7 a 23 de maio.
No trabalho, Dinho Araújo mescla memórias pessoais à experiência coletiva por meio de registros fotográficos, objetos e um videodança que revela uma série de vazios significantes que delineiam a imagem da cidade.
O cenário que serviu de inspiração para o artista é a paisagem do Centro Histórico, marcada tanto pela força expressiva do seu conjunto arquitetônico quanto pela sua descaracterização por conta da demolição de imóveis e da remoção dos azulejos das fachadas.
A oposição entre a beleza e a depredação compõe o convite ao encontro das faltas e ausências, universos imateriais que traduzem os conflitos pessoais no olhar do artista que completa seus registros com a imagem de uma bailarina que dança em meio a ruínas e detritos ao som da Morte do Cisne. Sob o olhar da câmera, o diálogo entre corpo e ambiência revela soluções que redimensionam a plasticidade das locações, fazendo emergir uma nova paisagem.
Além da exposição, Dinho Araújo promove um workshop “Sabotagens poéticas: inscrevendo contra narrativas no espaço público urbano”, nos dias 7 e 8 de maio, no mesmo local.
AMAZÔNIA DAS ARTES
O projeto Amazônia das Artes chega a sua sétima edição em 2014, o que confirma seu caráter permanente no cenário amazônico. Entre os seus propósitos estão o estímulo e a difusão da produção artístico-cultural dos estados abrangidos pela Amazônia Legal e outros que apresentem características semelhantes devido à proximidade com a região.
A metodologia do projeto baseia-se na circulação de obras nas linguagens de artes plásticas, dança, música e teatro oriundos dessa região, difundindo a cultural regional e democratizando o acesso à toda forma de arte.
Atualmente, o projeto conta com a participação de onze estados, são eles: Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Piauí, Rondônia, Roraima e Tocantins.