A graça, beleza e magia do circo levaram alegria e mais movimento a São Luís entre os dias 25 e 30 de março. As artes circenses trouxeram às ruas, escolas, Unidade Sesc e palcos da cidade suas raízes artísticas e durante toda a programação preparada pelo Sesc evidenciaram continuam a encantar públicos de todas as idades mesmo na contemporaneidade. Com atrações variadas: debates, mesa redonda, lançamentos de livros, oficinas, estreias e espetáculos, a segunda edição do Sesc Circo foi um sucesso.
A arte do riso é milenar. Os múltiplos talentos e habilidades que compõem suas práticas divertem o público em um espetáculo de cores, brilho e desafios. E foi dessa forma que a agenda do Sesc Circo abriu a temporada de apresentações 2014. “O Circo Pequenino” manteve atento os alunos da Educação Infantil do Sesc, enquanto o almoço cultural da Unidade Sesc Deodoro exibiu performances aéreas e show de mágica para comerciários e frequentadores em geral. A estudante Vanessa Costa (15) revelou que esse foi o seu primeiro contato com o tecido acrobático. “Quando cheguei e vi os tecidos não imaginei que eles seriam o palco da apresentação. É muito alto, o coração fica apertado, mas é um belo espetáculo”, revelou. E fechando a programação do dia 25 de março, a desenvoltura, simplicidade e talento de João Porto Dias, do Nutra Teatro (DF), que viveu o atrapalhado palhaço Lála no espetáculo Solo Yo, interagindo com a plateia em números participativos, repletos de habilidade técnica e elementos da música, dança, mágica, teatro e circo.
Dia 26 de março um dos destaques da programação foi a estreia do espetáculo maranhense “Ms. Banana Quer Casar”, da Miramundo Produções Culturais. A cômica personagem contou seus amores e desamores ao longo da sua juventude, ao mesmo tempo em que exibiu seus talentos na tentativa de conquistar um solteiro da plateia. E o fisgado foi o carpinteiro Claudino Serra Neto (35), que aceitou o convite e casou-se sob a aprovação do público e as bênçãos do padre, também escolhido entre os espectadores. A atriz Diana Mattos agradeceu a oportunidade e incentivo do Sesc, que desde 2013 tem fomentado a produção local circense, que enfrenta dificuldades para manter-se no estado.
A fisioterapeuta Carine Moraes elogiou o trabalho desenvolvido pelo Regional no Maranhão. “O Sesc deve dá continuidade a essa bela iniciativa, que proporciona diversão cultural para toda a família”, afirmou. Assistindo o espetáculo ao lado da filha Mariana (4), Carine explica que sempre incentivou sua pequena a prestigiar programações culturais. “As crianças têm poucas opções em São Luís. Amo as artes e quando surge um projeto como o Sesc Circo aproveito a oportunidade de ampliar o repertório cultural de Mariana”, revelou.
O Dia Nacional do Circo, comemorado em 27 de março, foi celebrado com uma intensa programação. O cortejo artístico pelo Centro da
cidade encantou comerciários, clientes de lojas e transeuntes. Desfilando pelo principal ponto comercial de São Luís, a comitiva formada por palhaços, mágicos, malabaristas e muitas outras figuras lúdicas, convidaram e interagiram com os ludovicenses durante todo o percurso queencerrou no Centro Histórico, Praia Grande, arrancando sorrisos e abrilhantando olhares.
Retornando do trabalho, o ator circense Genilson Sodré ficou feliz ao deparar-se com o movimento. Ele que há 14 anos incorpora personagens como o palhaço “Pequeno”, ressalta que o Sesc tem exercido o importante papel de difusor da linguagem. “Aqui no Maranhão o artista tem que ter dois empregos para sobreviver ou deslocar-se para outro estado para seguir carreira. Falta apoio e incentivo no estado. O Sesc Circo tem chamado a atenção para a arte do palhaço e dado ânimo aos artistas locais”, afirmou.
A pequena Liana Letícia (3), aluna da Educação Infantil do Sesc no Maranhão, acompanhou todo o cortejo nos braços da mãe Josete Almir e ainda permaneceu na Praça Nauro Machado, Praia Grande, para assistir ao espetáculo “Dois Palhaços Pedem Passagem”, da Cia Sapato Velho (RJ). A vendedora contou que a filha aprecia muito a arte circense e ela faz questão de incentivar.
Nas escolas, o projeto foi recebido com festa durante toda a agenda do Sesc Circo. Na Unidade de Educação Básica “Primavera”, no bairro Cohatrac, a quadra se transformou em uma grande tenda circense e os alunos interagiram com as brincadeiras promovidas pelo artista Gilson César em seu espetáculo “Um Dia de Clown” no dia 27 de março. Muitas crianças com idade entre 2 e 5 anos participaram da atividade. “Ao levar o mundo do circo para o espaço da Escola, o Sesc pretende cultivar a imaginação, a fantasia, resgatar as brincadeiras de infância, desmistificar o medo, principalmente do palhaço”, explicou a técnica de cultura e responsável pelo projeto Carol Aragão.
E além de abrir espaço para espetáculos e oficinas circenses, a programação, que apresenta caráter educativo, também sediou o lançamento de dois livros sobre a linguagem circense. “Caçadores de risos – O maravilhoso mundo da palhaçaria” de Demian Reis (BA) e “História de Riso e Circo” de Michelle Cabral (MA). A primeira obra é fruto da pesquisa do ator, palhaço, diretor e pesquisador baiano Emian Reis. Bacharel pela Unicamp e Mestre e Doutor em Artes Cênicas pelo Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas da UFBA, o livro apresenta a arte do palhaço a partir do seu aspecto dramatúrgico. Já Michelle Cabral, que dá vida à hilária palhaça Palita, transformou o universo circense em dois contos literários para o público infanto-juvenil. Em poucas palavras, ela definiu a prática artística: “mais que uma arte ou linguagem, o circo é a vida”.
De 28 a 30 de março, com atrações maranhenses e pela primeira vez de outros estados, a segunda edição do Sesc Circo cumpriu sua missão: difundir a linguagem circense, reconhecê-la como patrimônio cultural e fortalecer a arte a partir do intercâmbio cultural, com participação dos estados Distrito Federal, Bahia, São Paulo e Rio de Janeiro. É importante ressaltar que o trabalho de resgate da linguagem circense pelo Sesc no Maranhão iniciou com o curso de técnicas circenses ministrado há três anos pelo Regional a partir do Projeto Por Trás da Cena.