Ludovicences mostram todo o seu gingado no Samba de Raízes de Tócos

19/08/2013 às 00:00 por Viviane Franco

Em um clima leve, com muita simpatia e gingado, a apresentação do grupo Samba Raízes de Tócos contagiou a público na penúltima noite de programação do Sonora Brasil em São Luís, dia 15 de agosto, realizada no Teatro Alcione Nazareth. Repetindo o sucesso dos dias anteriores, a platéia estava cheia e vibrando com a música, dança e história herdadas da cultura africana.


Manifestação típica do interior da Bahia, o samba surgiu no palco do Alcione Nazareth com novas nuances e acompanhado de outras variações musicais. O candomblé, côco e corrido dividem as preferências dos moradores de Antônio Cardoso com o samba de roda. O tradicional samba, a dança mais popular entre os brasileiros, nessa comunidade recebe o nome de piegas e apresenta passos rápidos, mas curtos.


O grupo é formado por Mestre Satu, Roque Viola, Antônio Luiz, Antônio Almeida, Manoel Conceição, Antônia Neri, Edilma Neri e Maria de Lourdes. As mulheres que participam do grupo tocam, cantam e dançam, sendo que se revezam nos ofícios durante a apresentação.


Nas letras das músicas, festa de São Cosme e Damião, reisados e outros acontecimentos diários, retratados com muito ritmo e energia. Mais uma vez, como registrado nas apresentações anteriores do Sonora Brasil em São Luís, o público foi convidado a se unir ao grupo para experimentar o piegas, mas a plateia estava mais tímida na terceira noite de apresentações. Joseana Carvalho (20), estudante do Curso de História, quebrou o jejum e deu um show no palco. A sua performance encorajou mais três mulheres, que caíram no samba.


A integrante do Samba de Raízes de Tócos, Maria de Lourdes Santana, de 44 anos, que apesar de morarem na zona rural da Bahia, o ritmo é bem difundido em todo o estado. “A partir do Sonora Brasil nós estamos estendendo o alcance das nossas tradições e isso é muito gratificante”, ressaltou.


O antropólogo e professor universitário Norton Correa, que há 40 anos estuda a cultura popular negra religiosa e não-religiosa, acompanhou toda a apresentação e parabenizou o grupo pelo belo trabalho. “A tradição africana modificou-se e adquiriu novos contornos no Brasil, mas o rebolado é um elemento sempre presente nas variadas confluências artísticas que descendem dessa vertente, o que torna a dança envolvente e sensual”, explica.


O grupo gaúcho Alabê Ônis encerrou a programação na última sexta, dia 16 de agosto, com o repertório de maçambiques, quicumbis, alujás e candombes, manifestações culturais ligadas a tradição religiosa e profana.