Os ritmos dos tambores paraenses sacodem a 2º noite de apresentação do Sonora Brasil

15/08/2013 às 00:00 por Viviane Franco

O batuque dos tambouros e cacetes da comunidade quilombola de Cametá atraíram um grande público na noite desta última quarta, dia 14 de agosto, no Teatro Alcione Nazareth. Com todos os ingressos da bilheteria distribuídos em poucos minutos, a apresentação do grupo Samba de Cacete de Vacaria, programação integrante do projeto Sonora Brasil, conquistou os ludovincenses com as batidas alternadas, passos marcados e cânticos tradicionais da cultura amazônica, tradição que resiste ao tempo e está sendo difundida pelo Sesc em todo Brasil.

 

É do couro de veado e madeira extraída da região de Vacaria, comunidade localizada a oito quilômetros da cidade de Cametá (PA) que os tamboureiros produzem os sons que conduzem essa manifestação popular. Batucando com as mãos e os pés descalços, o ritmo também conta com a batida do cacete, um instrumento que lembra a matraca, só que com uma espessura menor.

 

As cantadeiras, que também são sambadeiras, entoam cantos ao ritmo dos tambouros e com suas saias rodadas desenvolvem uma coreografia que lembra o tambor de crioulo. Mas apesar das semelhanças, Robson Serra, integrante há 18 anos do Laborarte e coreógrafo e dançarino do Cacuriá de Dona Teté , que estava atento a cada traço da apresentação, ressalta que há diferenças significativas entre as duas modalidades. “O tipo de couro e a confecção do instrumento é semelhante, mas o desenvolvimento técnico da apresentação, especialmente o toque, apresenta novos elementos. É maravilhoso manter contato com ritmos tão autênticos e que remontam às nossas raízes históricas”, explicou.

 

A platéia pôde aprender e experimentar o ritmo paraense. Convidados pelo Mestre Benedito Moía, homens, mulheres e até crianças subiram o palco e divertiram-se com o som do Samba de Cacete de Vacaria. A jornalista Juliana Mendes, que dança no Tambor de Crioula do mestre Amaral, aceitou o convite e mostrou desenvoltura.

 

Entre as crianças que prestigiaram a apresentação, algumas eram integrantes do projeto Musicar, que é desenvolvido pelo Sesc na Divineia e disponibiliza aulas de canto, coral, flauta doce, violão e percurssão gratuitamente para jovens da comunidade com o objetivo de incentivar as potencialidades artísticas.

 

Ao final da apresentação, o grupo foi convidado Juliana Mendes convidou o grupo para conhecer a sede do Tambor de Crioula do Mestre Amaral e acompanhar o ensaio. O Mestre recebeu o Samba de Cacete de Vacaria com muita satisfação e apresentou a dança maranhense, que é patrimônio imaterial do Brasil. Ele afirmou que é necessário se fazer cultura e resgatar as tradições da terra. “Nasci em São Vicente do Ferrer e lá aprendi a arte dos tambores. O instrumento menor, que utilizamos para batucar, na minha terra recebe o nome de maracá, mas aqui em São Luís, por conta da confluência cultural com o bumba-meu-boi, também recebe o nome de matraca. É importante não esquecermos as nossas raízes e manter a história da cultura popular viva”, ressaltou.

 

O Sonora Brasil encerra nesta sexta, dia 15 de agosto, com a apresentação do grupo gaúcho Alabê Ôni. Agendado para as 19 horas, no Teatro João do Vale, a entrada é franca e a classificação llivre.